Analisando o conteúdo da Resolução do Parlamento Europeu de 10 de fevereiro de 2021 relativo ao impacto da COVID-19 na Juventude e no Desporto (2020/2864(RSP)), é por demais evidente o efeito devastador no Desporto e nos setores e indústrias com ele relacionados.
Na linha do documento “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030” o Desporto enfrenta uma indiferença declarada e prejudicial em todos os elementos que compõem este dinâmico sistema de desenvolvimento quer dos praticantes, nas diversas etapas de formação, quer mesmo, numa prática regular do exercício físico contemplado na dimensão da saúde. Os reflexos desta indiferença verificar-se-ão a médio prazo quer na queda do nível de excelência, diga-se, na construção de equipas com elevado nível de desempenho desportivo, quer ao nível da formação – desporto infanto-juvenil.
No documento “Estratégia Portugal 2030” é ainda indicado que o incentivo da prática da atividade física, através do fomento do desporto e da formação desportiva em todo o ciclo de vida, é uma estratégia prioritária intersetorial para promover a Saúde dos cidadãos, a par da minimização dos fatores de risco, da alimentação saudável e da educação.
O facto do Desporto não ser contemplado como uma prática com impacto desportivo, formativo, cultural, económico e de prevenção da saúde física e mental, transversal a toda a população, poderá lançar o Desporto em situações de grande dificuldade em recuperar a atual crise acrescentando o facto de ser uma área já muito debilitada mesmo ainda antes da crise epidémica.
O setor do Desporto tem sofrido um enorme impacto desde o aparecimento da pandemia Covid-19, fruto da ausência de público e da paralisação da atividade dos escalões de formação, com a agravante da atenção do Governo para estes aspetos ser escassa ou mesmo não existente. Contudo, essa posição choca com as posições de várias organizações internacionais, das quais destacamos o Parlamento Europeu, que recentemente aprovou uma Resolução (B9 – 0115/2021, de 4 de fevereiro), em que recomendam aos Estados a inclusão nos seus planos de recuperação pós-Covid-19 a promoção do desporto, como forma de melhorar as políticas públicas de intervenção na população.
A opção política das autoridades portuguesas de não integrar no PRR – Plano de Recuperação e Resiliência – qualquer referência à atividade física e desportiva, não encontra suporte nas regras definidas pela União Europeia nos regulamentos que enquadram o mencionado mecanismo, sendo que noutros países as propostas de PRR incluem expressamente o Desporto. Esta é uma posição incompreensível e que lesa gravemente a recuperação deste setor que tanto contribui para a nossa sociedade.
A Associação de Basquetebol da Guarda apela à consideração do Governo para que a prática desportiva dos escalões de formação e dos seniores seja enquadrada no seu planeamento da retoma das atividades após o fim dos estados de emergência, sempre respeitando as diretivas emanadas pela Direção Geral de Saúde.